Eu preciso só de alguns minutos


Deitada em minha cama sou toca pelos raios de sol que entram pelas frestas da janela.
Com meus olhos ainda embaçados procuro o celular em minha cama. Ao encontrá-lo levo um susto ao ver à hora, ainda são 06h30min da manhã.
As horas pareciam não correr. Eu me sentia casada e fadigada e não entendi o por que.
Irritada decidi então levantar.
Tudo ao meu redor começou a girar, sentia que ia cair a qualquer momento.
Eu sabia que precisava de ajuda, e que deveria clamar por socorro. Mas sabia também que isso seria inútil, afinal estava sozinha em casa.
Senti então que meu corpo estava sendo puxado para baixo, e era incontrolável a força que o puxava. Senti que estava caindo.
- Onde esta o chão? - A minha mente perguntava.
Eu caia e não sabia para onde.
Tudo ficou escuro e o desespero tomou conta do meu ser.
Minha cabeça começou a doer muito e foi nessa hora que senti que finalmente meu corpo havia encontrado o chão. Meus ouvidos começaram a ouvir um som familiar, era choro de criança. Forcei  meus olhos a abrirem, e então avistei um berço.
- Mais que lugar é esse? - Minha mente se perguntava novamente.
Ouvi passos subindo as escadas.  E aquele lugar não me era estranho, mais não conseguia identificá-lo.
Notei que a pessoa finalmente chegara àquele quarto. Tinha certeza que iria me dar uma bronca por estar ali, mas a minha certeza era fajuta. A pessoa não falou nada, ou melhor, aquele senhor não falou nada. Mas ele vinha em minha direção olhando apenas em direção ao berço. Ele parecia não me notar ali.
Ele vinha andando em minha direção, eu tentava me levantar, mas não conseguia encontrar forças. Então fiquei ali imóvel, não queria levar uma bronca de jeito nenhum.
Mas algo me intrigava, aquele lugar era muito familiar e aquele senhor mais ainda.
Vendo-o acalmar aquela criança sentia uma sensação de paz e de nostalgia ao mesmo tempo.
Sem perceber outra pessoa chegou ao quarto. Levei um grande susto. Como assim ela esta aqui. Por que ela esta aqui? Como a minha mãe podia estar nesse lugar.
Então eu a escutei dizer:
- Pai traz a Day para a mãe poder dar banho nela.
Pai? Ela disse pai? Ou melhor, ela disse meu nome?
Meu Deus! Sinto que vou desmaiar, e que meu coração vai sair a qualquer momento pela minha boca.
Preciso de forças para levantar. Preciso ir abraçar ele, preciso muito.
Sentia que estava sendo puxada, mas por quem?
Não! Eu não quero voltar, não agora. Preciso só de alguns segundos.
Minha cabeça doía demais, não estava agüentando a dor. Não estava nem mais agüentando ficar de olhos abertos. Tudo esta girando e ficando escuro outra vez.
Sentia que estava voltando, mas eu não queria.
 Caramba só dessa dava para acontecer o que eu queria. “Eu não quero voltar, eu preciso só de mais uns minutos.”
Por fim consigo abrir meus olhos novamente. E a decepção invade o meu ser. Eu voltei, mas não paro o lugar que gostaria de estar, mais sim para aquele quarto que um dia já foi o meu rufio. 

Saudade

Com certeza o que me mantem são as lembranças, embora sejam poucas. 
Eu fecho os olhos e me lembro de cada detalhe, cada palavra, cada 
olhar, cada sorriso. De como você fazia os problemas parecerem tão insignificantes quando eu estava por perto, como se você não estivesse prestes a morrer. Me lembro do modo como você me tratava, era como se eu fosse a sua cura, como se não importasse quantos corações você recebesse, todos pulsariam pelo mesmo motivo. 
Eu sinto falta de você, de mim, de como eu era quando estava com você,de como eu costumava ser. Eu sinto falta de como você fazia tudo parecer tão simples, de como você me olhava e eu não precisava de palavras para entender. Eu sinto falta da sua capacidade de contar piadas nas horas mais impróprias, eu sinto falta da sua alegria, pois ela também era a minha. Eu sinto falta de poder te ter por perto, de poder te olhar, apenas te olhar. Sinto falta da minha preocupação com você, de não poder dormir me perguntando se você estava bem. Sinto falta de respirar o mesmo ar que você, na verdade, eu sinto falta de te ver respirar. Eu tive muito pouco, em um período muito pequeno, e talvez não tenha sido o suficiente.
Eu me lembro até hoje à última vez que conversei com você. Foi uma conversa por telefone, e eu me lembro que eu à finalizei com um eu te amo.
Se você soubesse que você estava certo quando disso que sem você eu não conseguiria viver... Se você soubesse o quanto está sendo difícil sem você aqui. 
Esta sendo difícil aprender a caminhar sozinha a essa altura da vida. 
Eu necessito, eu preciso de você.

"Vô, você você me faz muita falta."

Hoje deu vontade de chorar

E eu só queria um colo para encostar minha cabeça e fingir que o mundo lá fora não existe. Hoje eu queria um abraço daqueles que te sufoca de tão apertado e ao mesmo tempo te protege de tudo. Hoje eu só queria ouvir “eu liguei pra saber se você tá bem” pra sentir uma dor menos doída dentro do peito. Cansei de amar pela metade. Cansei de me sentir sozinha. Cansei de tanta mentira. Cansei dos dias iguais, da rotina. Cansei de mim e de me deixar sempre em última opção. Cansei de procurar meus amigos. Cansei de mentir pra mim, pra ver se dói menos. Cansei de me preocupar com quem não se preocupa comigo. Cansei de sofrer e de acordar indisposta, cansei de sentir o coração bater mais forte, com uma sensação de arrependimento, de erro. Cansei de tudo.



"Vou deixar entrelinhas entrecortadas, janelinhas estreladas, cartinhas bem tramadas sobre almas desaventuradas, desaventuras desalmadas, desavenças desanimadas e pessoas mal-amadas."

Quase um adeus á vida

Meus pés estão cansados. Foi uma longa caminhada.
Eu estive fora de mim pelas últimas cinco horas. Os efeitos da droga passaram, eu quero mais e a essa hora, a essa altura da situação, é o crime ou a prostituição.
Eu andei tanto, mas tanto, que eu estive quinze quilômetros longe de casa sem perceber. Procurando cantos, brechas, fendas, no espaço e no tempo, pra me esconder de mim mesmo e de todo o resto.
Pra me refugiar nesse meu amorzinho de poucas gramas, pra me inspirar no formato curvado da chama que aquece meus sonhos gostosos, vermelho e azul, vermelho e azul, tudo bom e gostoso, até a hora em que surge essa ventania e varre tudo, me tira tudo. É adeus ao zunido no meu ouvido, adeus ao sentimento de atemporalidade, adeus ao poder, ao desejo, à Cidade Eterna, aos amigos da rua, aos mosquitos, cachorros, gatos, fezes... Quase um adeus à vida.
Quase...Poderia ter sido um adeus à vida. A essa vida infame, cheia de devaneios. 
Poderia ter sido um adeus a esse mundo, que a cada dia se defrauda mais e mais.
Esse mundo que brinca de fazer política, de fazer sustentabilidade. Esse mundo que confundi competência com caridade. Esse mundo que ama defraudar, que ama ser defraudador. E o pior, que ama a auto defraudação!

Tudo tão pequeno e insignificante

Daqui de cima dá pra ver o mundo inteiro. Ao menos meu mundo eu enxergo.
Tudo está lá, pequeno e insignificante como qualquer parte desse mundo, ou do mundo de qualquer um.
Às vezes é preciso subir, parar, analisar, e depois se jogar de cabeça de volta ao mundo. Talvez seja isso que eu tenha que fazer.
O prédio é alto.
A queda vai doer.
Com sorte eu não vou sentir nada e me espatifar lá na calçada feito aqueles caras ensandecidos se jogando na tevê. Desde que eu vi aquilo, nunca mais tirei da cabeça a ideia de fazer o mesmo. É tão lindo a queda, o voo  Eu nunca vou descobrir se meus sonhos eram verdade, se eu era um ser voador que se jogava de prédios dando rasantes sobre as pessoas. Não vou dar explicações.
À minha mãe deixo meu afeto. Ao meu pai, meu respeito (talvez). Aos meus irmãos deixo as marcas de brigas, desentendimentos e muito amor. E a você eu deixo meu eu, que só você consegue enxergar e compreender. Agora eu me vou, vou deitar no ar e deixá-lo me levar. E pro mundo eu deixo um clichê, tão clássico quanto lindo: "Adeus, mundo cruel". Cruel, mas nem tanto.

Passado batido.


À meia luz, embalada ao som das gotas da chuva, aquela tarde se torna quase infinita. Era como se cada minuto não passasse, e como se todos os sentimentos impuros apenas crescesse dentro de todos. Esse foi o dia em que descobri como eu odeio todo esse sentimento que faz parecer que a vida é preta e branca, esse sentimento que faz com que os melhores sabores, não sejam prazerosos... Ao menos, não como antes. Era como se viver nesse milênio fosse uma vergonha. Apenas aquela fotografia me trazia boas sensações, e uma espécie de viagem ao tempo, onde tudo parecia ser perfeito, onde éramos felizes e não sabíamos. Naquele tempo, as pessoas eram autênticas, honestas, e orgulhavam-se de suas origens. Naquele tempo sim havia quem reconhecesse os nossos dotes, e respeitavam nossas opiniões e sentimentos, tanto como uns aos outros. Um tempo onde, as músicas eram músicas de verdade, com melodia, com letra, com ritmo, sentimento, naquele tempo onde os verdadeiros mestres viveram... E morreram. Naquele tempo, as pessoas eram simples, e era como se todos nós fôssemos iguais. Foi se o tempo onde as pessoas viviam amizades, e amores de verdade, com a maior pureza, longe do mundo virtual. Ali, as pessoas viviam intensamente, sem fronteiras, sem anseios, e sabiam lutar pra realizar seus desejos. Em um piscar de olhos, voltei ao meu mundo, observei tudo ao meu redor, e não vi nada parecido com o que vi através daquilo. A magia se perdeu, parece que o mundo se esqueceu, de como é ver o sol nascer, e se espreguiçar no amanhecer, agora que a realidade me venceu, só posso dizer que depois de pensar nisso tudo, saudade bateu. 

Slipped Away



"Now you're gone, There you go
Somewhere I can't bring you back"

Eu sinto a sua falta.
Eu sinto muito sua falta.
É um fato! Eu nunca te esquecerei.
Oh isso é tão triste....
Gostaria que pudesse me ouvir.
Gostaria que soubesse o quanto me mudou, o quanto me fez bem ter você.
Gostaria realmente que soubesse o quanto te amei e o quanto ainda te amo.
Sim, ainda te amo.
Eu me lembro do dia que você partiu.
Foi o dia em que percebi que nada mais seria igual sem você aqui.
Eu tive que entender que você não iria mais acordar,
E eu continuo me perguntando o porquê.
Eu não posso levar isso.
Não era uma mentira!
Aconteceu, mas não passou.
Eu me lembro como se fosse ontem o dia que enfim te conheci.
Mal dava para acreditar. Já irá fazer dois anos.
Dói saber que esperei tanto para te conhecer e que não pude passar o tempo necessário junto à você.
Sei que o tempo necessário seria uma vida inteira.
Você faz falta.
Tão inocente e tão fragil você era.
Eu amava dedicar o meu tempo a ti.
Eu amava ficar horas e horas de pé te olhando.
Eu trocaria tudo que tenho para poder ti ter aqui novamente.
Eu trocaria todos os meus dias de vida para poder ti ver novamente.
Nunca me esquecerei.
Eu sei...





E se?

Olhei até ficar cansado. De ver os meus olhos no espelho. Chorei por ter despedaçado. As flores que estão no canteiro. Os punhos e os pulsos cortados. E o resto do meu corpo inteiro. Há flores cobrindo o telhado. E embaixo do meu travesseiro. Há flores por todos os lados Há flores em tudo que eu vejo. A dor vai curar essas lástimas. O soro tem gosto de lágrimas. As flores têm cheiro de morte. A dor vai fechar esses cortes. Flores,flores. As flores de plástico não morrem.

Titãs


E se tudo der errado,
Em um final mal acabado e o silêncio tomar conta de você?

Mas e se esse buraco jamais melhorasse? Se as bordas feridas nunca se curassem? Se os danos fossem permanentes e irreversíveis?

Reflexão

Não é coincidência
Você já reparou que ao lado dos maiores hospitais -
também dos menores - sempre há uma loja de flores?
Já parou pra pensar no porque de elas estarem ali,
perto do lugar onde pessoas deveriam ser salvas?

Reflita!

Pobre e indefesa

E sem perceber tudo estava acontecendo novamente.
Aquele coração pobre e indefeso se partiu.
Dava para notar o desespero estampado na face dela.
Ela se ajoelhou e começou a recolher todos os pedaços na esperança de poder concerta-lo.
Mau sabia que ele jamais voltaria à ser o mesmo, e que as rachaduras seriam visíveis.
Ela era frágil e indefesa, e sem falar nada pedia por ajuda. Na verdade seus olhos pediam por ela.
Ela não dizia nada. Apenas recolhia os pedaços em silêncio.
Até que em um determinado momento sem que ela percebesse dos seus olhos escorreram lágrimas.
A tristeza e angustia inundavam o seu ser.
Por ali passava um viajante que à notou.
Ele se ajoelhou ao lado dela e em silêncio à ajudou.
Tentava olhar em seus olhos, mais ela não deixava.
Mau sabia ele que aquele ato de ajuda-la se tornaria para ela um dos momentos mais importantes em sua vidinha mediocre.
Os pedaços pareciam ser infinitos e o viajante precisava seguir sua viajem, mais não conseguia deixa-la.
Não naquele estado que se encontrava e muito menos naquele momento.
Finalmente conseguiram recolher todos os pedaços.
O viajante se lembrou que em sua mochila havia uma cola poderosa e que seria capaz de  colar aqueles pedaços sem deixar vestígios de rachadura.
Ele sem pensar nas consequências contou para ela. E foi notório a alegria em seus olhos.
Ela entregou todos os pedaços que estavam em suas mãos para ele, afim de que ele pudesse concertar.
Mais os pedaços se tornaram um quebra-cabeça.
O viajante se tornou impaciente e num súbito de raiva lançou todos os pedaços em direção ao chão.
Esse ato fez com os pedaços se partissem em milhões.
Ela então por mais uma vez se abaixou para recolher-los.
Notei que nos seus olhos havia esperança, pois para ela o viajante iria à ajudar.
Naquele momento o viajante se esqueceu que ela era frágil e indefesa, e que precisava de ajuda.
Então fechou sua mochila e seguiu sua viajem. Sem olhar para traz, sem olhar para ela.
Em seguida varios viajantes chegaram ao local e notaram-a, mais nenhum foi capaz de ajuda-la.
Ficaram em volta observando-a.
Foi notório a tristeza inundando o seu ser e a angústia à atormentando.
E ela ficou ali ajoelhada  recolhendo os pedaços que fora jogados ao chão.

Desespero

Minha boca não sangra ela jorra sangue.
Os gritos desesperados causaram isso.
Até quando irei continuar respirando?
Até quando sentirei meu coração pulsar?
Até quando ele baterá sem motivos?
Sinto que estou fardada a viver nesse mundo de dementes que se matam a cada segundo por consequência da ignorância.
Amam dizer que amam, mais nada demonstram.
Vivem mascarados e fantasiando um mundo onde coisas anormais não acontecem.
Mal sabem que os anormais são eles próprios.
Trancafiada no meu vazio estou.
E por mais uma vez a lágrima escorre como navalha em minha face.
A inspiração se foi e o canto que alimentava a minha alma hoje não soa tão perfeitamente como antes.
A melancolia se tornou a minha companheira.
Não existi nenhum momento no dia que ela não esteja comigo. Amiga fiel.
Minha boca continua a sangra, mais as pessoas estão ocupadas demais para perceber!
Gostaria de pedir ajuda, mais sou incapaz.
Meu sangue escorre pela minha garganta me sufocando, e impedindo que minha voz saia.
Sufocando estou e aguardando pelos meus últimos segundos de vida.

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