Canção do mundo belo

O tempo não foi capaz de levar ou modificar todo meu ser. Foi desfazendo meus próprios embaraços que dei conta de que não há muitas distâncias em mim. Descobrindo no amor e na dor sentimentos que regem emoções, o meu espírito fez-se carregado de experiências. Quantas vezes um erro torna-se acerto? Não sei, mas sinto que é como sonhar que a dor não tem medida e, assim, purifica tanto quanto o amor. . . sou tão fácil de ler - sem meu eu-irônico. E percebendo, então, que, cabelos escuros e olhos tristes não são os únicos resquícios imutáveis notáveis em mim. É como se os cílios se encontrassem e começassem a sonhar numa silenciosa canção: o mundo ficou mais belo - ainda que inutilmente - quando por ele andou o meu coração.

Lembra?

Pirulitos se tornam cigarros. Inocentes viram vadias. Dever de casa vai pro lixo. Celulares conectados no twitter durante a aula. Detenção se transforma em suspensão. Refrigerante se torna vodka. Bicicletas viram carros. Beijos viram sexo. Vocês se lembram de quando usar proteção era botar um capacete? De quando a pior coisa que você poderia levar de garotos eram cosquinhas? De quando os ombros do pai eram o lugar mais alto e inatingível e mamãe era nossa heroína? Aliás, lembram-se de quando heroína era o feminino de herói? De quando seu pior inimigo era seu irmão? De quando war era só um jogo de cartas? De quando a única droga que você conhecia era remédio pra tosse? De quando remédio pra tosse era realmente usado pra curar tosse? De quando usar uma saia não te transformava numa vadia? A maior dor que você sentia era quando ralava os joelhos e os “adeus” duravam até só o amanhecer de outro dia. E nós não podíamos esperar por crescer?

Eu sou, de fato, assim

Costumo chorar quando estou com raiva, escrever quando estou triste, comer quando estou angustiada e sorrir por qualquer besteira. Não costumo dizer abertamente tudo que penso, minha mente é um mar de segredos. Tudo ao meu redor começou a se mover velozmente. De repente deparei-me com um caminho cheio de dúvidas, escolhas e enigmas. Eu tão insegura e sensível, não sabia como fazer. Criei então uma armadura, uma válvula de sobrevivência. Algo que realmente fazia sentido e que me aliviasse.








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